Aprendizagem e memória são processos indissociáveis na medida em que uma conduta só se considera aprendida se for retida, isto é, memorizada pelo sujeito; e só se pode reter o que foi adquirido ou aprendido. O próprio conceito de aprendizagem como mudança sistemática da conduta supõe implicitamente a memória como condição de conservação da resposta aprendida.
A memória e a aprendizagem são aspectos complementares do mesmo processo geral. Se não houvesse retenção dos resultados da prática anterior, cada tentativa de aprendizagem resultaria no mesmo comportamento da primeira. Não haveria aprendizagem sem os efeitos de "conservação" da experiência prévia. A aprendizagem diz respeito a modificações, presumivelmente nervosas, resultantes da experiência; memória é o termo que se aplica à persistência dessas modificações (...)
A lembrança de uma experiência pode ser insignificante, parcial ou completa. As variáveis que influem na retenção são, essencialmente, as mesmas que afectam a aquisição, de sorte que as coisas que facilitam a aprendizagem, também facilitam a retenção.
C. Telford, e J. Sawrey, Psychologie
Já todos dissemos, certamente, acerca de alguém: "É uma pessoa muito experiente!" Ter experiência é sinónimo de já ter aprendido muito e, portanto, estar apetrechado com saberes que permitem enfrentar com eficácia as novas situações que surgem. Sem memória, as aprendizagens teriam de estar constantemente a ser adquiridas, o que equivaleria a dizer que estávamos sempre no ponto zero. Não ter memória seria o mesmo que não ter aprendido nada.
A memória é o sustentáculo da vida humana, dado que o homem é um ser que evolui em função das constantes aprendizagens que faz. É a memória que faz com que as aprendizagens, ao serem conservadas, se constituam como plataformas de novas aprendizagens qualitativamente superiores.
Procure imaginar por um momento que não tem memória. As nossas lembranças operam com tanta ligeireza e automatismo que poucas pessoas ( ... ) tomam consciência da sua presença invasiva. No entanto, perceber, estar consciente, aprender, falar e resolver problemas, tudo isso requer aptidão para armazenar informações. A percepção e a consciência muitas vezes dependem de comparações entre o presente e o passado.
A aprendizagem exige a retenção de hábitos ou de novas informações. Para falar é preciso lembrar-se das palavras e de pelo menos algumas regras gramaticais. A solução de problemas baseia-se na retenção de cadeias de ideias. Mesmo as actividades geralmente consideradas não intelectuais, tais como mexericar ou lavar pratos, dependem da capacidade de recordar. De facto, quase tudo o que se faz depende da memória.
A memória é, portanto, o suporte essencial de todos os processos de aprendizagem e permite ao organismo manter continuadamente um sistema de referência da experiência vivida. E, no caso do homem, é o factor básico da capacidade de reconhecer a sua identidade como pessoa.
A memória é o processo cognitivo que nos permite ter acesso ao passado, estruturar o presente e projectarmo-nos no futuro.
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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Documento nº 1 - "A articulação aprendizagem-memória"
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